quinta-feira, janeiro 26, 2006

Aguas turbas

Segundo o Diário Económico de hoje o governo não vai privatizar o sector das águas porque “não é conveniente socialmente e é desnecessário financeiramente”.

Quanto ao primeiro argumento, convém saber o que é isso do conveniente socialmente, o Ministro do Ambiente não explica, e o jornalista também não pergunta. No entanto quer-me parecer que mais uma vez é a aversão socialista aos privados e à redução do peso do estado na economia. Tanto mais grave, quando uma resolução anterior do Conselho de Ministros de 2004, justificava a escolha desse modelo depois de “vários estudos” que indicavam ser a melhor opção para o sector.

Mais uma vez, nunca se sabe o que se quer para Portugal, encomenda-se os estudos, decide-se e depois um Ministro lembra-se que afinal o que foi decidido não é socialmente conveniente. Será que a eficiência não é conveniente? Será que todo o modelo de captação, distribuição e tratamento de águas tem de ser 100% detido pelo estado? A mim não me convencem!

Expliquem-me lá porque é que a Aguas de Portugal tem de ter uma participada – AdP Formação – que teve 1640 formandos no último ano e tem de continuar pública?

E então a “Adp Serviços” cujo objectivo é prestar acessória em marketing, contabilidade, engenharia, jurídico-legal. E já agora as operações internacionais, também têm de ser unicamente de capital público?

Referir a quantidade de sectores da AdP que poderiam e deveriam ser privatizados sem sequer qualquer estudo sobre o modelo estratégico para o sector é puro bom senso, são 55 as empresas que constituem a holding, e que o Ministro recusa abrir a capitais privados.

Quanto às necessidades de financiamento para a satisfação das necessidades de infra-estrutura “Vamos recorrer ao crédito bancário”.

Nada mais simples.

2 Comments:

At 10:54 da manhã, Blogger ddc said...

De facto nada mais simples, porventura nada de mais caro.

Não é que tenha alguma coisa contra o crédito bancário, mas há muito que se descobriram outras formas mais racionais de financiamento, designadamente a bolsa. Operação que poderia sempre se qualificada de capitalismo popular.

Quanto à tua pergunta é muito simples: 50 empresas, dá 50 conselhos de administração (no mínimo com 3 membros cada), não sei quantos directores gerais, mais umas centenas de assessores, ou seja, dá muitos jobs (para saber quantos é só, como diria o Eng. Guterres, fazer as contas!).

 
At 12:02 da tarde, Blogger Carlos Martins said...

crédito bancário nao é necessáriamente menos racional...

Necessário é decidir onde é mais barato aquirir capital, seja próprio ou não.

O problema é que o mercado de capitais, seja de acções ou obrigações, funciona de forma eficiente independentemente de pressões ou poder do Estado, dando ao capital a remuneração que as forças do mercado definem. Os Bancos não...

 

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