sexta-feira, janeiro 20, 2006

A ler

Gostava que houvesse um candidato que defendesse uma profunda reforma do Estado em forma de lipoaspiração. Mas não há.

Gostava que houvesse um candidato que assumisse que o controlo do Estado sobre a economia tem que acabar, porque isso limita profundamente a indispensável liberdade política. Mas não há.

Gostava que houvesse um candidato que “investigasse” a má gestão, o desperdício e a indisciplina do Estado com profunda e verdadeira objecção de princípio. Mas não há.

Gostava que houvesse um candidato que analisasse a folha de impostos das famílias portuguesas e sentisse um sufocante peso nos ombros (tal como as famílias sentem), daqueles que nos enterram até à cabeça. Mas não há.

Gostava que houvesse um candidato que visse nas empresas o motor do desenvolvimento, na política fiscal a gasolina de que o motor precisa e na iniciativa privada o caminho do progresso. Mas não há.

Gostava que houvesse um candidato que não contemplasse a lei laboral que temos e ficasse satisfeito, não sentindo o travão que esta lei “ainda” é para o desenvolvimento do País. Mas não há.

Gostava que houvesse um candidato que colocasse a Constituição Portuguesa numa prateleira de museu, que percebesse que esta Constituição é factor de atraso, é do passado, é má herança. Mas não há.

Gostava que houvesse um candidato que olhasse para o lado e visse o mundo. Mas não há.

Gostava que houvesse um candidato que, acima de tudo, acreditasse na liberdade individual e nos direitos humanos, em sociedades e economias abertas e na cooperação global. Mas não há.

Gostava de não ter que me sujeitar, no próximo domingo, ao “mal menor”. Mas tenho!

[Diogo Duarte Campos]