terça-feira, abril 18, 2006

a realidade hoje, para prevenir o amanhã

Não nos iludamos: já aqui referi varias vezes que não tardará até termos petroleo a $100 / barril.

A questão não é se atingirá esse valor, nem sequer quando. A questão é o q fazemos agora para na altura não nos queixarmos do fado português, como é costume.

Medidas de fundo na energia, são obviamente bem-vindas. Mercado livre na electricidade, energias renováveis e o reconhecimento que a energia nuclear, para além de cada vez mais segura e potente e menos poluente, está cada vez mais rentável e apetecível. E havendo privados dispostos a avançar no projecto, não vejo problema.

Medidas de fundo no uso de transportes, acabará por ser uma necessidade do consumidor, do utilizador, muito mais do que uma imposição ou incentivo do Estado. Os agentes, como racionais que deverão ser, verão que os transportes públicos são uma excelente alternativa. Haja racionalidade do Estado de, se não quiser liberalizar o sector, ao menos o torne apetecível e eficiente para o consumidor / utilizador. E actuar no sector automóvel parece-me essencial: despenalizar fiscalmente os veículos menos poluentes deve ser uma prioridade, porque são um incentivo a poupança de energia. Não há desculpa possível nem argumentação no defice publico neste campo para manter taxas elevadíssimas de imposto em veículos cada vez menos poluentes. É um contra-senso alimentar o sector da venda de usados, penalizando fortemente a compra de novos, quando os novos sao menos poluentes. Não haja medo de favorecer os menos poluentes.

Mas por último, o mais importante de tudo: este aumento de preços irá provocar uma pressão inflacionista vinda de uma variavel perfeitamente exógena: o preço do petróleo. Não é inflação do lado da procura, mas também não se poderá dizer que seja do lado da oferta, concretamente. E isto provoca problemas ao BCE. E problemas no BCE são aumentos de preços, inflação, cuja única forma de combater é através da política monetária, ou seja, taxa de juro. Isto leva ao abrandamento da economia europeia, com a economia portuguesa a ressentir-se mais fortemente, não só devido á elevada exposição e dependência face ao petróleo, mas também devido ao elevado nivel de endividamento privado e público, fruto do aumento dos juros do serviço da dívida. Do endividamento privado, os privados cuidarão, tendo sempre em conta que a poupança (que em última análise, é investimento, S=I) irá cair. Do endividamento publico, cuidamos nós, e parece que não cuida ninguem. Perante este provavel aumento dos juros, a divida publica dispara, mesmo sem mexer uma palha. Isto é, mais défice. Isto é, mais impostos no futuro. Pura Teoria de Finanças Publicas.

Urge portanto, parar com a propaganda e assumir as medidas verdadeiramente dificeis, que não estão na mera informatização dos serviços publicos, ou na redistribuição geográfica (SIMPLEX OU PRACE) mas estão verdadeiramente na despesa publica, que parece ninguem conseguir tocar. Com a conivencia do Governo, os sindicatos continuam a sua luta pela manutençao dos postos de emprego (que não trabalho) dos inumeros funcionários publicos. Hoje defendem os funcionários publicos empregados, mas hoje também deixam que os desempregados assim continuem. E pior que isso, defendendo hoje esta situação, estão no fundo a defender mais impostos amanha, seja para a geração futura que agora está a entrar no mercado de trabalho, seja para os filhos dos trabalhadores activos de hoje. Seja de que forma for, têm visão curta ou então também gostam dos seus trabalhos de sindicalistas, tanto que fazem tudo para os manter. Mas o problema não está só nos sindicatos. Os gastos deste Estado gordo e moribundo vao muito para além dos funcionários que na pior das hipoteses estão a tentar sustentar as suas famílias, mesmo não fazendo nada. Os gastos do Estado são ridículos. São mesmo imorais. A teimosia em manter serviços que os privados fazem melhor, a teimosia em manter luxos da segurança social que o País já nao pode pagar tem que acabar. Se o País não pode continuar a pagar subsídios, então não pode continuar a pagá-los! Ainda para mais quando o Estado nem sequer tem a capacidade de verificar se os subsídios que paga tem o efeito desejado.

O Estado Social ja morreu ha muito tempo. O Estado Social Português é que parece querer morrer mais devagar que os outros, em prejuizo de todos nós, particularmente a geração futura. Para este caso, defendo a eutanásia!

BaD

[via Neo-Liberalismo]