terça-feira, julho 18, 2006

SLB e CGD

Foi com alguma surpresa que recebi a notícia que a Caixa Geral de Depósitos seria o investidor no naming do centro de estágio do Seixal do SL Benfica. Como sócio do SLB, fiquei contente, pois mais uma fonte de receita foi conseguida. Essencial para a viabilidade do projecto. Como contribuinte é que fiquei a pensar...

Veja-se: é certo que a CGD desde há muito actua no mercado concorrendo com os privados teoricamente nas mesmas condições. Desde há muito que tem vindo a sofrer alterações essenciais que a tornam, talvez, na mais rentável empresa totalmente publica em Portugal.

Isto é, portanto, uma questão extraordináriamente curiosa. Por um lado não gosto de ver o Estado a intervir na economia, se bem reconhecer alguma utilidade em manter um agente que possa de certa forma influenciar as taxas de juro do mercado. Por essa mesma perspectiva, agrada-me sobremaneira que apesar de publica, a CGD seja uma empresa rentável. Mas a CGD é um paradoxo tremendo. Actua como privado, é gerida como privada, gasta em publicidade como privado, tem políticas internas como os privados e no entando o capital é do Estado Portugues...assim como os nomeados para a Administração são políticos...

A questão prende-se com as decisões que toma. O Estado não pode privilegiar nenhum agente em deterimento de outro, mesmo que tal seja a decisão economicamente mais viavel e optima em termos economicos. É esta a grande questão por detrás da intervenção Estatal na economia: mesmo que um negócio seja rentável e detido pelo Estado, actuando num mercado livre e tendo que tomar decisões, vai acabar sempre por prejudicar agentes que ao fim ao cabo também são contribuintes. Isto revela-se contraproducente e imoral para o contribuinte concorrente e imoral para o Estado.

O centro de estágio do Seixal é inequivocamente um excelente exemplo disso: a decisão é economicamente racional (possivelmente) e boa para a gestão da CGD em termos de marketing, mas negligencia o centro de estágio tanto do FCP como do SCP e outros que possam eventualmente existir, e que o Estado enquanto proprietário da CGD não pode tratar de forma diferenciada.

Os neoliberais não são defensores da devassa do Estado, mas antes do bom funcionamento do mercado e da moralidade do Estado enquanto agente económico regulador. Não se pode, em última análise, regular e intervir.

[via Neo-Liberalismo]

5 Comments:

At 8:24 da manhã, Blogger ddc said...

Mas que excelente post!
Abraços

 
At 7:41 da tarde, Blogger João Salviano said...

Não é a primeira vez que o Benfica é favorecido pelo Estado. Veja-se a contratação do Futre com "subsidio" da RTP, já para não falar no tempo da "velha senhora" em que o Benfica era levado ao colo pelo regime como bandeira de Portugal.

 
At 8:26 da manhã, Blogger Carlos Martins said...

Oh João, que fique bem claro que a intenção não de todo focar qualquer tipo de favorecimento do Estado em relação ao Benfica. Não entremos por aí...

 
At 12:16 da tarde, Blogger Franzini said...

Ó Salviano,se a CGD nos quisesse favorecer dava emprego ao Beto e tiravam-nos do plantel esse gajo. Com jeitinho ainda ia ocupar o lugar de Armando Vara. Será que se notava a diferença?

 
At 6:49 da manhã, Blogger TopGama said...

Só hoje aqui cheguei. E penso ver tudo pois este blog parece agradar-me.
Começo por este post, com um pouco de atraso, é certo, mas gostei do tema.
Estamos num país democrático e permito-me discordar do Franzini quando diz:
"Ó Salviano,se a CGD nos quisesse favorecer dava emprego ao Beto e tiravam-nos do plantel esse gajo. Com jeitinho ainda ia ocupar o lugar de Armando Vara. Será que se notava a diferença?"

É que na vez de susbstituírem o Armando Vara, penso que, com mais ligitimidade, deviam substituir rapidamente a Celeste Cardona.

Deixei assim o meu contributo.

Um abraço a todos

 

Enviar um comentário

<< Home