O estado do Estado
Ontem a minha mulher foi ao centro de saúde para obter um papel que dá pelo nome de P1, o qual possibilita a realização de exames médicos.
Naturalmente que sendo os exames receitados por outro médico que não o “médico de família” é necessário que o contribuinte depois de ir ao médico vá a outro médico (agora ao de família) para obter o tal P1.
Ora, tudo isto não deixa de ser extraordinário: que faz o médico de família? Limita-se a um mero trabalho administrativo de passar o tal P1. Na verdade, não passará pela cabeça de ninguém que um médico desautorize o outro (desde logo por questões deontológicas) e ponha em causa o a ecessidade ou adequação do que foi receitado
Donde, a ida do contribuinte, consumidor, cliente (tudo menos utente), ao médico –ao médico de família - é uma pura perda de tempo. Nem mais nem menos. Podia ir só a um médico, mas não. O Estado impõe-lhe que vá a dois.
Tudo isto num País onde até parece que há falta de médicos.
Mas mais.
Uma vez no centro de saúde a minha mulher – que está grávida – supostamente tem isenção de qualquer taxa. Porém, para ter isenção é obrigatório que o médico de família passe uma certidão (em Portugal nada se faz sem uma certidão, de preferência com selo branco e tudo), declarando que a pessoa está de facto grávida (até porque a gravidez – como nem é bom de ver - em muitos aspectos não um facto notório...)!
Conclusão: mais uma vez se vai ao médico de família.
Todavia, o médico de família está de férias e, naturalmente, ninguém o pode substituir.
Pergunta, ingenuamente a minha mulher:
- Mas nada pode substituir a tal certidão, nem poderá ser passada por outro médico?
Ao que se seguiu o mais inacreditável diálogo:
- Não, sem certidão não há isenção e apenas o médico de família de cada utente [suores frios] a pode passar.
- Mas eu tenho aqui a minha cédula de grávida [sim, é verdade, existe mesmo].
- Pois, mas isso não substitui a certidão.
- Mas o médico de família vai-me fazer algum exame?
- Não, vai-lhe pedir a cédula de grávida que o ginecologista lhe deu e com base na mesma lavra a certidão...
- Olhe, isso não faz muito sentido, pois não?
- De facto não faz, mas tem que ser assim.
Tudo isto claro, num país com escassez de médicos. Enfim...
Naturalmente que sendo os exames receitados por outro médico que não o “médico de família” é necessário que o contribuinte depois de ir ao médico vá a outro médico (agora ao de família) para obter o tal P1.
Ora, tudo isto não deixa de ser extraordinário: que faz o médico de família? Limita-se a um mero trabalho administrativo de passar o tal P1. Na verdade, não passará pela cabeça de ninguém que um médico desautorize o outro (desde logo por questões deontológicas) e ponha em causa o a ecessidade ou adequação do que foi receitado
Donde, a ida do contribuinte, consumidor, cliente (tudo menos utente), ao médico –ao médico de família - é uma pura perda de tempo. Nem mais nem menos. Podia ir só a um médico, mas não. O Estado impõe-lhe que vá a dois.
Tudo isto num País onde até parece que há falta de médicos.
Mas mais.
Uma vez no centro de saúde a minha mulher – que está grávida – supostamente tem isenção de qualquer taxa. Porém, para ter isenção é obrigatório que o médico de família passe uma certidão (em Portugal nada se faz sem uma certidão, de preferência com selo branco e tudo), declarando que a pessoa está de facto grávida (até porque a gravidez – como nem é bom de ver - em muitos aspectos não um facto notório...)!
Conclusão: mais uma vez se vai ao médico de família.
Todavia, o médico de família está de férias e, naturalmente, ninguém o pode substituir.
Pergunta, ingenuamente a minha mulher:
- Mas nada pode substituir a tal certidão, nem poderá ser passada por outro médico?
Ao que se seguiu o mais inacreditável diálogo:
- Não, sem certidão não há isenção e apenas o médico de família de cada utente [suores frios] a pode passar.
- Mas eu tenho aqui a minha cédula de grávida [sim, é verdade, existe mesmo].
- Pois, mas isso não substitui a certidão.
- Mas o médico de família vai-me fazer algum exame?
- Não, vai-lhe pedir a cédula de grávida que o ginecologista lhe deu e com base na mesma lavra a certidão...
- Olhe, isso não faz muito sentido, pois não?
- De facto não faz, mas tem que ser assim.
Tudo isto claro, num país com escassez de médicos. Enfim...
1 Comments:
Caro Diogo, és um perigoso neo-liberal (digo neo porque está na moda), que ao vires dar caso disto apenas estás a contribuir para a descrença num sistema que funciona muito bem como está! A tua esposa (nunca tua mulher seu conservador desavergonhado, as mulheres não são de ninguém!) tem de ir ao médico de família para ele ter que fazer. Se não fosse assim, como é que o pobre homem justificaria a sua existência, hein? Além das horas que dá no conslutório, as quatro que dá ao Centro de Saúde são para o sistema público, percebes? O sistema do estado! O sistema de todos, os pobrezinhos e tudo! Ah pois é! Isso da certidão é acessório, se tás mal muda-te (não sei para onde, mas enfim...) ou paga a taxa na mesma!
Sacana!
Bom, posto isto, muitos parabéns pelo bébé, não sabia, e por favor manda-me um e-mail, que preciso de falar contigo, e não me respondeste ao meu.
michael[at]fe.up.pt
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