segunda-feira, janeiro 16, 2006

Qual a utilidade de votar Cavaco Silva à direita?

Ouve-se muitas vezes junto de alguma direita conservadora, liberal e democrata-cristã, dizer que jamais votarão Cavaco. Os argumentos são que Cavaco é igual a Soares, que Cavaco é ideologicamente de centro-esquerda, que Cavaco foi despesista, que Cavaco engordou a máquina do Estado. Esta direita, diz com algum entusiasmo difícil de entender, que votará em Alegre.

Quanto ao primeiro argumento, Cavaco é tudo menos igual a Soares. Não é contra a globalização, acredita nas empresas, apoia uma sociedade méritocrática, e apesar de ser social-democrata não é da velha esquerda, quase bloquista, que ultimamente Soares parece representar. Quanto ao despesismo, a verdade é que Cavaco não terá oportunidade de engordar a máquina do estado, são funções diferentes.

O voto dessa direita em Alegre não é por qualquer razão racional, ou até de utilidade politica para um projecto conservador-liberal. O voto é contra o que Cavaco terá feito ao CDS, “não nos esqueceremos” dizem alguns.

É um voto politicamente egoísta. É um voto de vingança quando Portugal precisa de estabilidade, é um voto sem argumentos a favor, apenas teorias do contra, é um voto virado para o umbigo.

Votar Alegre é votar num socialista, que tem uma ideia canhota de um Portugal que precisa de modernidade, é votar em alguém que não cita Churchill mas Cunhal, é votar em alguém que apela aos Socialistas que como ele não se revêem na escolha de Soares como representante da esquerda. Votar Alegre é permitir que a esquerda continue a evocar o património da Presidência da Republica para o PS. Votar Alegre é votar na ala esquerda do partido socialista.

Assumam-se as consequências desse voto, assuma-se que se vota Alegre por achar que Cavaco pode vir a ser um patrono da direita, e secar o espaço político do CDS. Isso é pensar a curto prazo. É a falta de confiança num projecto mobilizador para Portugal, é derrotismo imediato, é por os interesses partidários à frente dos nacionais, quando os partidos devem ter uma lógica inversa.

É também falta de entendimento daquilo que deve ser a Presidência da Republica. Um bom presidente será aquele que poderá dar expressão nacional a projectos contestáveis, mas necessários, juntos do povo e junto dos parceiros sociais. Será aquele tem a distancia necessária para saber que um bom primeiro-ministro em Portugal precisa em primeira instancia da protecção do Presidente da Republica junto do seu próprio partido e junto dos interesses instalados para fazer uma ruptura vertical com o nosso modelo de desenvolvimento. Será aquele que não avança por julgar que a democracia está em causa, mas que o país está em causa. Será aquele que conseguir convencer o povo que é necessário mudar de vida.

Cavaco Silva é o único que reúne essas características, é idolatrado pelo povo, o que lhe dá o poder de união, é o único que não se candidata contra ninguém, é o único que tem uma visão que mais vezes cruza com um projecto liberal-conservador para Portugal. É o único pode acabar com o mito do perigo da “direita” estar na Presidência da República. É o único capaz de fazer a mudança.

Saibamos dar um passo de cada vez. Saibamos até onde podemos ir nestas eleições, saibamos pensar no futuro, saibamos pensar naquilo que podemos fazer por Portugal, saibamos querer mais para Portugal e sejamos coerentes, connosco, com as nossos ideais e com Portugal.

1 Comments:

At 2:44 da manhã, Blogger ddc said...

Admito que muitos no Lobby não concordem com o post do Paulo, mas que este é um excelente post, isso ninguém pode contestar. Parabéns!

 

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