sexta-feira, março 31, 2006

Razão antes do tempo?

Via edepoisdomesmo.

quinta-feira, março 30, 2006

Quimioterapia urgente

Governadores civis continuam por «imperativo constitucional»

Começo a achar que esta constituição tem vida própria.

A vida própria desta constituição é uma vida cancerígena, é um tumor que impede o crescimento de Portugal, que limita a riqueza nacional, que nos remete para a periferia do desenvolvimento.

O que Portugal precisa não é de tratar o tumor, é de o remover com a urgência clínica que o diagnostico exige. Este tumor é da pior estirpe conhecida. Mata por asfixia, vai lentamente talhando todo o sistema imunitário, que trabalha para manter o País saudável, chega inclusivamente a provocar na sua fase final, verdadeiros comportamentos daltónicos irreversíveis.

Há quem ache que devemos simplesmente baixar os braços e esperar com a ajuda de analgésicos, que nos ajudam a enganar o sofrimento, que miraculosamente fiquemos curados.

Felizmente, há quem tenha a clareza mental, de saber que a terapia para o tumor que Portugal enfrenta é clara e concisa: é retirar todos os vestígios deste maligno elemento, que alimenta tudo o que de pior enfrentamos.

quarta-feira, março 29, 2006

Do que o CDS precisa

1. Votei contra ele no congresso do ano passado, mas hoje entendo que o líder do CDS merece ser apoiado. A tarefa de suceder a Paulo Portas seria sempre muito difícil, e sou obrigado a fazer um balanço positivo da forma como ele a tem desempenhado. À evidência constante do líder anterior ele contrapôs uma placidez que, se é certo que instala um nervosismo evidente nos mais habituados à manipulação diária da "agenda política", não deixa por isso de ser mais adequada a esta fase de prolongada oposição que se abriu para o centro-direita em Portugal. Iniciou o seu mandato com duas emergências, as eleições autárquicas e as eleições presidenciais, e, se numa é injusto criticá-lo, na outra é obrigatório elogiá-lo. Na transição ninguém fez uma autocrítica sobre o estado pavoroso em que lhe foi entregue o dossier autárquico, e ele arrancou para assunto como se tudo estivesse dentro da normalidade, o que de resto ninguém lhe agradeceu. E no que toca à eleição de Cavaco Silva ele tirou o CDS da marginalidade e transformou-o num apoiante que os resultados vieram a mostrar indispensável. Identificou o partido com o interesse nacional, e isso, para quem é de direita, não devia ser de todo irrelevante.Tudo isto me parece aliás evidente. O que coloca uma interrogação obrigatória sobre a natureza da crise que assalta o meu partido. Terá Ribeiro e Castro razão quando anuncia que o CDS tem no seu interior um problema político? Do meu ponto de vista não é isso que acontece. Apetece-me mesmo dizer: antes fosse! Nada que não se resolvesse com a discussão política interna. Mas os problemas que o CDS vive são de outro tipo, infelizmente. E de solução bem difícil e prolongada - que passa por uma mudança da sua estrutura, dos seus métodos, das suas regras internas de prémio e castigo, e sobretudo por uma abertura aos que nele se revêem. Em suma, pela capacidade de ultrapassar o seu extremo aparelhismo, que apenas produziu um partido de generais com muito poucas tropas, e onde cada um só trabalha para si a para a sua carreira. Sobre essa situação, sim, parece-me que a discussão é urgente. Ao invés, um congresso marcado pelo confronto mais ou menos assumido entre a direcção e o grupo parlamentar seria a prazo muito negativo para o partido no seu todo, e talvez não produzisse nenhuma clarificação útil. É claro que os deputados estão lá porque estavam absolutamente sintonizados com o estilo e a acção de Paulo Portas, e a abertura de um novo ciclo sempre esteve condicionada por esse facto (e ainda mais, se ele permanece entre eles). Essa foi de resto a principal razão por que apoiei a candidatura de Telmo Correia. Mas isso obriga toda a gente a um esforço de concertação, porque as coisas são o que são. Até porque basta ir acompanhando a (excelente) prestação de Nuno Melo - por exemplo - para perceber que o CDS só tem a ganhar com uma maior colaboração entre a direcção que o partido escolher e os deputados que o representam no Parlamento.

2. O CDS precisa pois de um congresso marcado por uma agenda diferente da simples luta interna pelo poder. Ela está em curso e é um facto porventura inevitável, mas do que o partido verdadeiramente carece é de uma reforma total. E esta é a melhor altura para a encetar. Estão encerradas as emergências a que havia que dar resposta, e a era de estabilidade que se iniciou deve ser também aproveitada pelas oposições. No caso do CDS, ele deve ir para o estaleiro, que bem precisa. Se esse processo precisar de um longo período de debate, de consciencialização, de mobilização interna para a mudança (um ano, por exemplo), não virá daí nenhum mal ao mundo, pelo contrário. Se em 2007 os estatutos forem outros, e se a sociedade olhar para o CDS e vir um partido que soube fazer mea culpa e adaptar-se às necessidades de uma política diferente, mais credível e aberta, talvez as eleições de 2009 (legislativas e autárquicas) possam ser encaradas de forma mais ambiciosa.Talvez então o CDS deixe de ser o "partido exíguo", de que falava Adriano Moreira, quando o liderava. Os problemas são antigos, e a primeira direcção que os encarar de frente é bem capaz de fazer por si e pela instituição muito mais do que sobreviver à espera do próximo falhanço. Não quero com isto dizer que deva a ser a direcção a tomar sobre si a responsabilidade da tarefa. Não, se me parece óbvio que deve ser ela a tomar a iniciativa, também me parece evidente a obrigação do envolvimento de todos os outros. É por isso que um congresso é uma oportunidade a não desperdiçar. A mudança a fazer é algo que deve obedecer a um mandato de uma reunião magna, e o resultado só por uma equivalente deve ser posteriormente aprovado. E isso é algo que a direcção pode propor já neste congresso, no que daria prova de dominar por inteiro a agenda do mesmo e da vitória que procura. Só que esta vitória seria obtida em nome de todos e seria obtida num palco que ultrapassaria o espaço restrito dos congressistas e do próprio partido.

Dominar a agenda do congresso é, de resto, a primeira tarefa de quem o convoca. Se isso não acontecer, os riscos ameaçam mais do que a direcção, porque incidem sobre o próprio destino do partido. Dir-se-á que nem tudo depende da vontade da direcção, porque ela está a responder a contingências que não tiveram origem em si. Mas se finalmente tomou a iniciativa, então que o faça em função de objectivos que porventura a poderiam ter mobilizado, mesmo que não tivesse nenhuma oposição interna a pressioná-la. Se isso não acontecer, todas as especulações terão curso livre, e o prejuízo será nesse caso também para todos. Dir-se-á que a direcção quis apenas ganhar um ano na corrida para 2009. Ou que se instalou um conflito entre a tentativa de afirmação de um novo ciclo e a resistência cada vez mais assumida de Paulo Portas. Ora essa é uma guerra que dificilmente alguém ganhará, mas que todos se arriscam a perder. É também por isso que vale a penL centrar a discussão na reorganização partidária. É que num partido revigorado e mais participado ficam muito mais difíceis as tentações de tutela dos líderes que já não o são. Engenheiro Civil

P.S. - Com o falso regresso da regionalização o PS arranjou para 2009 um problema de que se vai arrepender. Misturar a disciplina que quer impor na desconcentração da administração central com a preparação de uma regionalização por facto consumado é uma habilidadezinha tão canhestra que nem a pena do dr. Vital Moreira consegue disfarçar. O PS está a transformar a campanha de 2009 na reedição do referendo, e desconfio que num risco que não vai querer assumir. Por mim o CDS proporá simplesmente o retirar do modelo consagrado na Constituição. É mais honesto e mais consentâneo com a vontade popular.

Manuel Queiró

In Público (versão papel)

[Diogo Duarte Campos]

terça-feira, março 28, 2006

Simplex 2006

«um bocado propagandex, à Socratex», mas «se for verdade, é bonzex».

José Ribeiro e Castro

A Ler...

Meritocracia
Não raras vezes fico chocado. Chocado com afirmações, mas pior que isso, chocado com posições de proeminentes opinion makers (os tais que na esquerda são apelidados por intelectuais). Estas posições reflectem normalmente crenças fortes, enraizadas, roçando o dogmatismo laico. Profundo acreditar, mesmo fé.E fico nesse tal estado de choque quando mais frequentemente do que estaria à espera observo que por essa esquerda fora parece que não é só a palavra "neo-liberalismo" que surge como uma espécie de bicho mau da humanidade. Agora também a "meritocracia" parece ser "mais um dos males do imperialismo e capitalismo selvagem". Vejo insurgentes esquerdistas atacarem a cultura do mérito como que um atentado à humanidade ou à liberdade ou mesmo ao bem-estar de todos. Incrivel...!Como se ser-se ou tentar-se ser melhor que os outros ou pura e simplesmente ter uma vantagem comparativa (o que não significa de todo que se tenha um sentimento de superioridade) ao nível da produção seja de conhecimento, seja de rendimento seja do que for (incluíndo a cultura) seja um crime. Parece que o direito à mediocridade é adquirido e inalienável, ou mesmo uma forma imprescíndível de manter a igualdade de todos em deterimento dos níveis gerais de bem-estar, à conta do mérito de cada um.Parece ser quase crime lesa-Pátria ser-se mais produtivo e ter-se uma remuneração do mercado em conformidade. É esta a cultura Socialista (no seu mais puro sentido ideológico que não necessáriamente do actual Governo...) que a História fez questão de ir abolindo mas cujos restícios em Portugal parecem querer continuar a minar o nosso desenvolvimento.Liberdade é de facto um valor de Direita, porque ser-se livre é também ter a Liberdade de merecer o que aufere e auferir o que se merece!

sexta-feira, março 24, 2006

Coisas Simples

Uma universitária andava no quarto ano da Faculdade.Tinha vergonha de que o seu pai fosse de direita e, portanto, contrário aos programas socialistas e seus projectos de lei, que davam benefícios aos que não o mereciam e impostos mais altos para os que tinham maiores rendimentos. A maioria dos seus professores tinha afirmado que a filosofia dele estava equivocada. Por tudo isso, um dia, decidiu enfrentar o pai. Falou com ele sobre o materialismo histórico e a dialéctica de Marx, procurando mostrar que ele estava errado, ao defender um sistema tão injusto como o da direita.
No meio da conversa, o pai perguntou: Como vão as aulas? Vão bem, respondeu ela. A média das minhas notas é 18, mas tenho muito trabalho para conseguir estas notas. Não tenho vida social, durmo pouco, mas vou em frente. O pai
prosseguiu: E a tua amiga Sónia, como vai? Ela respondeu, com muita
segurança: Muito mal. A média dela é 6, principalmente, porque passa os dias em shoppings e em festas. Pouco estuda e, muitas vezes, nem sequer vai às aulas. De certeza que vai chumbar o ano.
O pai, olhando nos olhos da filha, aconselhou: Que tal se tu sugerisses aos professores ou ao coordenador do vosso curso,para que sejam transferidos 6 valores das suas notas para as da Sónia. Com isso, vocês duas teriam a mesma média. Não seria um bom resultado para ti, mas convenhamos, seria uma boa e democrática distribuição de notas, para permitir a futura aprovação de vocês as duas. Ela, indignada, retrucou:Por quê?! Eu trabalhei muito para conseguir as notas que tive, enquanto a Sónia passeou pelo lado fácil da vida. Não acho justo que todo o trabalho que tive seja, simplesmente, dado a outra pessoa.
O pai, então, abraçou-a carinhosamente, dizendo: BEM-VINDA À DIREITA!!!!
Via email

quinta-feira, março 23, 2006

Maravilhas do Politicamente Correcto














A estupidez aparece de muitas formas

A ONU, esse Farol da Liberdade, publicou este cartaz (entretanto retirado), cuja lógica é simples: Racismo = Dinamarca = Lego.

[Diogo Duarte Campos]

A Importância do caso Casa Pia e os Sapatos

Muito se tem falado em Portugal a propósito das áreas estratégicas em que o País deveria investir, com o mar e o turismo à cabeça. Destas áreas estratégicas nunca constam os serviços em geral e a Justiça em particular, ao contrário do que vem acontecendo noutros países.

Com efeito, relativamente à Justiça apenas se fala ou de casos penais mais ou menos escandalosos, ou de questões fiscais também elas um pouco indecorosas, pelo que, com os Governos que temos tido, apenas essas lhe interessam. Ultimamente lá se tem falado do binómio justiça / economia e nas entropias que aquela causa nesta. É pouco.

Ao contrário do que se possa pensar a Justiça não só tem um papel essencial no desenvolvimento económico, como constitui, hoje, um fabuloso mercado que urge ser explorado (em abono da verdade esta questão foi aqui um pouco explorada, porém, deu em processo disciplinar na Ordem dos Advogados – espera o signatário que o mesmo lhe não suceda!).

A Inglaterra é hoje uma grande exportadora de serviços legais. Não há transacção importante, designadamente, aquelas em regime de project finance que não seja regida pela Lei inglesa ou onde, pelo menos, não intervenham sociedades de advogados ingleses, independentemente do lugar onde a operação é efectivamente concluída.

Mas não é só a Inglaterra. A Câmara de Comercio Internacional está sediada em Paris, et pour cause várias arbitragens, sem prejuízo da recente investida espanhola neste domínio.

Mas as vantagens decorrentes da aposta na Justiça não se resumem aos critérios estritamente económicos. Como facilmente se concluirá este é também um mercado que pressupõe uma elevada formação técnica e científica, tem efeito de rede com serviços financeiros e implica o uso das mais recentes tecnologias.

Portugal tem todas as condições para ser um exemplo internacional neste campo. A ligação aos países de língua oficial portuguesa (onde vários projectos infra-estruturais têm ou terão de ser concebidos) é óbvia (relembre-se que mesmo Macau mantém muito do sistema jurídico português), os juristas Portugueses são, em geral, profissionais bem preparados, Portugal tem uma tradição histórica e cultural de compreensão e assimilação de várias culturas únicas. Do que estamos à espera?

Já perdemos – porventura em definitivo – a guerra da internacionalização das consultoras, queremos também perder a guerra dos serviços jurídicos?

Sem prejuízo de tudo isto, não vejo o mínimo interesse dos poderes públicos, nomeadamente do Ministério da Justiça ou da Economia, em apoiar a internacionalização das sociedades de advogados.

Eu compreendo, um anda preocupado com a Casa Pia e o outro com Sapatos. É a nossa sina!

[Diogo Duarte Campos]

UA - Seminário de Mestrado em Economia da Empresa

http://www.ua.pt/uaonline/detalhe.asp?id=4862

quarta-feira, março 22, 2006

Leitura Obrigatória

para que serve o cds?
Há uma história sobre o CDS que poucos conhecem e que talvez nos ajude a compreender a vida passada e recente do partido e aquilo que ele hoje representa: é o episódio da sua fundação, que Diogo Freitas do Amaral relata com particular vivacidade no primeiro volume das suas memórias, que se chama «O Antigo Regime e a Revolução». Os factos resumem-se no que se segue.No dia 4 de Maio de 1974, poucos dias após a revolução, Freitas do Amaral e Alberto Xavier receberam um telefonema do Palácio de Belém, para os convocar para uma reunião cuja agenda desconheciam. A ignorância sobre o teor da reunião era tal, que Freitas recorda que «o Alberto Xavier receava que, tendo sido Secretário de Estado no Governo deposto pela Revolução, o quisessem prender»

Naturalmente receoso, Freitas do Amaral telefonou a Augusto Athayde, que ainda era parente de Costa Gomes, para indagar das intenções a seu respeito e a respeito do seu colega e amigo. Acalmados os piores receios pela conhecida sensatez de Atayde, conta Freitas que «lá nos dirigimos para o Palácio de Belém, um pouco antes das 22 horas. A nossa curiosidade não podia ser maior».Uma vez chegados, deram imediata entrada numa reunião com o directório político-militar do MFA e os representantes dos partidos políticos entretanto já criados ou legalizados pela revolução. Nomeadamente Álvaro Cunhal pelo PCP, Magalhães Mota e Pinto Balsemão pelo PPD, Sottomayor Cardia pelo PS e Pereira de Moura pelo MDP/CDE.A reunião foi aberta por alguém do MFA, cuja identidade Freitas não consegue precisar, mas que se dirigiu aos presentes como «os representantes dos partidos políticos ou em formação». Espantados, Freitas e Xavier retorquiram que devia haver algum equívoco e o primeiro foi especialmente incisivo ao dizer aos presentes que «tenho a declarar-vos muito francamente que eu não sou representante de nenhum partido político existente ou em formação». Melo Antunes retorquiu-lhe: «Não senhor, não há erro nenhum da nossa parte. Nós convocámo-los muito propositadamente. É que os senhores, durante os últimos três anos, apresentaram e defenderam um pensamento económico liberal, ou neo-liberal, com visíveis preocupações de justiça social, na página económica do "Diário de Notícias", e nós pensamos que os senhores representam melhor do que ninguém um Partido Liberal como os que existem noutros países europeus e que fará muita falta, se não existir, no leque partidário português».A reunião findou com a análise da situação ultramarina e com a posição do PCP expressa por Álvaro Cunhal: «para nós, comunistas, todas essas soluções e métodos (referindo-se às propostas dos spinolistas e do PS no sentido de uma descolonização negociada e gradual) são profundamente irrealistas. (...) O que a Carta das Nações Unidas impõe a Portugal é a descolonização; e esta - nomeadamente em Angola, Moçambique e na Guiné - só pode ser feita através da negociação com os movimentos de libertação que têm lutado contra o colonialismo português (e mencionou, explicitamente, o MPLA, a FRELIMO e o PAIGC), que deverá ser seguido, no mais curto prazo possível, da concessão por Portugal da independência plena e sem condições aos territórios coloniais submetidos ao imperialismo português. Esta é a tarefa prioritária do regime democrático novo, e deve ser levada a cabo sem perda de tempo». Freitas, embora em silêncio, concordou. Como ele anotou nas suas memórias, «fiquei convencido de que a estratégia de Cunhal e do PCP iria triunfar sobre qualquer outra, pelo menos neste ponto, e que o destino do Ultramar português era um caso arrumado».

Este episódio, aqui longamente relatado, interessa porque explica que, no fim de contas, o CDS nasceu de uma acumulação de equívocos e de erros, desde logo, na sua fundação: receosos da prisão, os seus fundadores e primeiros dirigentes dirigem-se a uma reunião onde, afinal, são arvorados a líderes partidários e a personalidades do novo regime pelo directório militar da revolução. Chefiando um partido político eleitoralmente de direita, Freitas do Amaral nunca se libertou dos complexos de esquerda provenientes da sua estreita colaboração com o antigo regime e particularmente com Marcello Caetano. Para Freitas, desde o princípio que o CDS não estava, como dizia, «nem à esquerda nem à direita, mas rigorosamente ao centro». Mais tarde, principalmente após a morte de Adelino Amaro da Costa, estes complexos de esquerda, ou melhor, em não ser de direita, agravaram-se-lhe e estenderam-se a quase todo o pessoal político que ele "criou" nos primórdios do CDS e que se foi mantendo no activo: Luís Beiroco, Rui Pena, Jorge Goes, entre outros, aderiram ao PS social-cristão de António Guterres, e o próprio Freitas é ministro do actual governo, com o qual Basílio Horta também colabora.Ideologicamente, o CDS nunca foi nem carne nem peixe: nem de esquerda nem de direita, nem liberal nem social-democrata, nem coisa nenhuma com a qual o país tivesse tido um ganho claro.Na sua relação com o poder, o CDS tem tido uma vida precária e nem sempre muito clara: viabilizou, em 1978, o 2º governo constitucional liderado por Mário Soares e pelo PS, em troca de alguns ministérios e de visibilidade política, quando Francisco Sá Carneiro militava na oposição ao socialismo. De 1980 a 1983, esteve no governo, primeiro liderado por Sá Carneiro e depois por Pinto Balsemão, donde saiu para não mais voltar até 2002, para nele se manter durante três anos, até ter saído nas condições que se conhecem. No poder autárquico, o CDS tem vindo, quase desde a sua fundação, a diminuir de expressão, até à actual quase inexistência autónoma do PSD. Isto representa, ao fim de trinta e dois anos que leva a III República, que o CDS esteve menos de sete anos no governo do país e que não tem praticamente existência nos governos das comunidades locais.

Por último, reconheça-se que o CDS permitiu a revelação de alguns talentos políticos e mediáticos e acolheu alguns outros que já tinham vida própria no seu seio: Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa, Lucas Pires, Manuel Monteiro, Paulo Portas, António Lobo Xavier e Adriano Moreira, como figuras de primeira linha, e uma ou duas dúzias de figuras de segundo plano. É pouco em trinta e dois anos? É.Em contrapartida, o CDS, sobretudo nos últimos anos, não tem sido parco em espectáculos lastimáveis e que denigrem a política, os políticos, a direita, e representa mal (ou não representa por transferência de voto para o PSD ou para a abstenção) um espaço partidário, sociologicamente identificado com uma classe média que não vive à conta do Estado e que não se revê nele. Desde o célebre episódio da caneta (que preencheu debates inesgotáveis sobre quem teria feito a partida ao Dr. Portas), até aos mais recentes acontecimentos do envio do retrato do «fundador» para o Largo do Rato e a exigência de um «partido sexy», o Largo do Caldas tem-nos brindado com alguns dos mais hilariantes momentos da política portuguesa contemporânea. Infelizmente, à sua conta, o PSD e o PS têm obtido confortáveis maiorias absolutas e Portugal não dispõe de um partido que verdadeiramente represente a classe média que quer distancia do Estado.Neste estado de coisas, em que os partido e o regime estão como estão, o CDS lá vai sobrevivendo. Se a bitola de exigência subir um pouco mais, e o governo de Sócrates parece que assim determinará, o CDS, este e aquele que temos conhecido, ou se refunda ou deixará de ter razão de existir.

As instituições - todas as instituições - mais tarde ou mais cedo extinguem-se e o CDS não será certamente excepção a esta regra. Os que por lá ainda vão tendo algumas responsabilidades e os seus poucos militantes activos talvez devam perguntar-se se ainda se justifica manter um partido que continua sem uma ideologia clara, sem um programa que o diferencie do «grande centrão», sem nada de especificamente distintivo em relação ao PSD, a não ser uma imensa capacidade de arranjar pequenas histórias que não interessam a ninguém. E devem estar cientes que, desta vez, é pouco crível que o seu partido consiga sobreviver a outros vinte anos de jejum.

[Diogo Duarte Campos]

Ora nem mais!

Extra! Bloco de Esquerda defende relevância da vontade de cada parte num contrato!

O BE apresentou uma proposta legislativa onde, segundo a imprensa, defende que relativamente aos contratos, um único motivo deve bastar para originar o a sua resolução: a vontade expressa de uma das partes, ou das duas. A justificação para tal medida será a de que os contratos devem adaptar-se às mudanças sociais e serem entendidos como um encontro de duas liberdades.Defende ainda que se a vontade das partes é indispensável para originar o contrato, não se compreende que ele se possa manter contra a vontade de uma das partes, podendo ser requerida a sua resolução a qualquer momento.O BE, com estes principios e coerentemente certamente passará a defender uma radical alteração das actuais leis do trabalho e do arrendamento, apenas para dar exemplos com iguais significativos impactos sociais, seguindo uma via liberalizadora que certamente surpreenderá uma parte significativa do seu eleitorado.

The next big thing, ou não!


Para quem não conhece estes são os "Juan Santos y sus muchachos", na Queima de 2005 em Coimbra.

A minha é maior do que a tua

Foi o que me fez lembrar a discussão no último Conselho Nacional do CDS/PP relativamente ao tempo de militância necessário para se ter opinião ou ao facto de uns, naturalmente ao contrário de outros, nunca terem saído do CDS/PP.

Só faltou, para tristeza geral, inócuas proclamações do género “ninguém é mais CDS do que eu”!

terça-feira, março 21, 2006

A esquerda e os lucros

"Lucros na RTP? Está mal, uma empresa pública não pode ter lucros". Muita malta canhota vai bater-se nos proximos dias sobre tão "ousada e capitalista" proposta do C.A. da RTP de aumentar o lucro operacional para dez milhões de euros.

Para a esquerda se dá lucro só pode estar a fazer um péssimo trabalho. Notavelmente a RTP com uma programação generalista, diferenciada do reality circo das outras estações, consegue ter um share superior à SIC.

Quem é que nomeou este C.A. que tirou uma empresa cronicamente falida do "pântano"?

Tentem lá adivinhar.

Memoria de um grande pensador

"Não ha kamikazes judaicos"

"Porque é que a questão que se coloca é sempre o que faz Sharon e não o que fazem os Palestinianos?"

Fernando Gil

Consequência de uma Governação Socialista


A Inspecção Geral das Finanças inicia esta terça-feira, dia 21 de Março, uma auditoria à Câmara de Aveiro com o intuíto de analisar a situação financeira da autarquia.

A Auditoria será efectuada pela Inspecção-Geral de Finanças/Controlo Tutelar Autárquico à Câmara Municipal de Aveiro e a outras entidades que detenha ou em que participe em termos que lhe permitam exercer o seu controlo, designadamente serviços municipalizados e empresas municipais ou outras.Aponta a autarquia, em nota enviada à comunicação social que os principais objectivos da auditoria são analisar a situação financeira do município, não só de forma autónoma, mas tendo, igualmente, em consideração o conjunto de entidades que são referidas (serviços municipalizados; empresas municipais); avaliar o endividamento municipal e a sua evolução no período de 2003 a 2005; identificar e controlar as relações estabelecidas entre o município e aquelas entidades; e, por último, verificar o cumprimento do regime de acumulação de funções de eleitos locais."De realçar alguns documentos que serão objecto de análise, tais como, a estrutura e organização dos serviços municipais; regulamentos, despachos, instruções internas, manuais de procedimentos, etc, nomeadamente os que abordem aspectos relacionados com a área do endividamento municipal; planos de actividades e orçamentos referentes aos anos 2003 a 2006; processos de constituição de empresas municipais (deliberações, projecto de estatutos, estudos de viabilidades, escrituras, etc); extractos de contas correntes de todas as rubricas orçamentais e das contas patrimoniais que reflictam fluxos, de qualquer natureza, entre o município e as entidades citadas, relativas aos anos indicados anteriormente"aponta a mesma nota.Élio Maia, presidente da Câmara, informou os lideres de bancada da Assembleia Municipal do facto, em reunião ocorrida durante a passada sexta-feira, apontando que mais informações serão dadas na Reunião da Câmara Municipal, Segunda-feira, dia 20, em Eirol.

sexta-feira, março 17, 2006

Serviço Netcabo...

Quando um grupo de amigos percebeu que jogar Football Manager online era muito mais eficiente com ADSL que cabo, resolveu começar a fazer prospecção de mercado, para perceber o que seria preciso fazer para alterar a ligação que têm em casa... Claro que o atendimento da netcabo mostrou o seu brilhantismo, provando (se ainda fosse preciso) o porquê da vontade de mudança...

Aqui ficam os mails trocados...

«Exmos. Senhores,

Venho por este meio questionar qual o procedimento que terei que fazer para cancelar o vosso serviço de Internet que actualmente possuo. Numa análise preço/qualidade, julgo que há actualmente outros serviços que me dão garantia de um melhor serviço, pelo que me encontro a ponderar trocar de serviço de Internet.

Com os melhores cumprimentos,
[identificado]»

Primeiro veio esta resposta (normal):

«Estimado Cliente Esta mensagem é uma resposta automática a confirmar a recepção do seu contacto que ficou registado com o número *****, referência que deverá utilizar, inscrevendo-a no campo "Assunto", caso pretenda voltar a contactar-nos pelo mesmo motivo.»

E por fim aparece ISTO:

«Estimado(a) cliente,

Na sequência do seu contacto, que desde já agradecemos, informamos que não nos é possível dar continuidade ao tratamento da questão colocada, uma vez que não nos facultou o seu nº de Cliente (consta na factura)»


A decisão fica praticamente tomada. Parabéns Netcabo !

quinta-feira, março 16, 2006

Confissão

O Benfica é o meu segundo clube.

Ainda ontem me deu mais uma grande alegria.

quarta-feira, março 15, 2006

Têxteis, que futuro?

Desde o início da crise dos têxteis portugueses que se declara a necessidade de repensar o futuro do sector. Já nessa época era conhecida a inevitabilidade da abertura total de dos mercados, que alertava já para a necessidade de reconverter o sector noutro tipo de actividade mais promissora. Era então crucial que as regiões que viviam quase exclusivamente dedicadas ao têxtil e às confecções, mudassem de orientação.

O actual estado do sector atesta nitidamente que tal não sucedeu. A cedência à pressão imediatista e da distribuição cega de subsídios, tomou o espaço da visão estratégica, da seriedade política e do rigor governativo.

Claramente faltou audácia para recusar a manutenção dissimulada de empresas, reinou a atribuição de fundos ditos de modernização e abriram-se as portas à inscrição nos subsídios de desemprego, por período superior ao considerado regular.

Os diferentes governos possibilitaram assim a subsistência do caos, concedendo dinheiro para silenciar e enganar a crise. Perante um futuro que sabiam ter consequências certas, resumiram-se a aprazar um problema, que agora apresenta uma resolução bem mais complexa.

No concelho de Águeda, em particular na Freguesia de Valongo do Vouga, a crise têxtil originou a perda de muitas centenas de postos de trabalho. Não foram apenas postos de trabalho que se perderam, foram famílias que perderam todo o seu rendimento, que se viram impedidas de poder cumprir as suas obrigações, que deixaram de poder dar aos seus filhos o que legitimamente sempre sonharam poder dar.

Com a liberalização dos têxteis chineses, a preocupação de Portugal deve assentar, não na forma de estancar a entrada dos têxteis chineses no mercado, mas no sentido de ter produtos e negócios têxteis que sejam adequados à nossa realidade de País e nos coloquem ao nível daqueles que existem nos países desenvolvidos. A realidade portuguesa deve manter um posicionamento de mercado de domínio dos têxteis de elevada incorporação tecnológica, dos têxteis da alta moda e dos têxteis técnicos. Todavia, este posicionamento requer uma readaptação da nossa indústria e negócio têxtil.

Ou se requalifica totalmente o sector têxtil agora, ou num futuro próximo nada haverá para requalificar. A nível Europeu a reposição efectiva de barreiras alfandegárias poderá ser a única via. É tempo de nos abstrairmos do politicamente correcto e o comodismo para que não abramos ainda mais a porta a uma crise social sem precedentes, capaz de despertar revoltas que os europeus consideravam não mais se poderem repetir.

Paulo Pereira

ín Litoral Centro - Nº1, 15 de Março de 2006

Frase do Dia

Change ideas, and you can change the course of history.
Edmund Burke

Com um obrigado ao E Depois do Adeus.

O Estado da Arte

Sobre o novo programa do Dr. Paulo Portas a crítica mais intensa é sobre o nome do mesmo! É incrível, mas é verdade. A substância nada interessa, mas o nome... Enfim...

Dizem que é presunçoso. E é. E depois?

Vanity is my favourite sin.

Desabafo

Nunca escondi quem era o meu Presidente. Sempre o preferi ao Dr. Manuel Monteiro, ao Dr. Paulo Portas ou ao Dr. Ribeiro e Castro.

E cada vez mais é o meu Presidente.

terça-feira, março 14, 2006

Perguntas Ingénuas

Porque é que o BPI é considerado um banco Português, quando os três maiores acionistas são estrangeiros e o Banco Popular é considerado um banco estrageiro quando o seu maior acionista privado é português?

Frase do dia

In politics, an organized minority is a political majority.

Jesse Jackson

segunda-feira, março 13, 2006

BCP lança OPA sobre o BPI

Espero um único comentário da nossa classe política - "não tenho nada que ver com isso".

Sem rodeios, sem rodriguinhos, sem a lenga-lenga do costume sempre cheia de juizos de valor (por vezes de preconceitos) que nada interessam: "deixar o mercado funcionar, mas...", "ainda é prematuro, mas..."ou "são duas entidades privadas, mas..."

Para não dizerem que sou sectário também admito um "quero lá saber", ou até mesmo um bom "estou-me a cagar"!

Não sei porquê, mas... acho que não vai ser assim!

domingo, março 12, 2006

Coisas que eu não entendo...

Alguem me explica porque é que no Porto a indicação da A1 diz "Lisboa", e em Lisboa a indicação da A1 diz "Norte".

Carneirismos..

sexta-feira, março 10, 2006

So mesmo no Benfica

Coisas Simples

Pequena grande agenda...


... para a reforma da Administração Pública:

Tão simples, tão óbvio, porque raio é que não se faz?

Espírito Bancário

Um homem entrou no BCP, foi ao caixa e disse:

- Eu quero abrir a porra duma conta, na merda deste banco, faxavor!
A moça da caixa, estupefacta, perguntou:
-O Sr. desculpe, mas acho que não ouvi bem o que disse? Não se
importa, de repetir?

- Bem, veja lá se ouve desta vez, ó caralho! Eu disse, que quero
abrir a porra duma conta, na merda deste banco! Demora muito?
Ela pediu licença, e foi contar a desagradável situação ao
gerente,que concordou, que ela não era obrigada a ouvir tal
palavreado.
Dirigiu-se com ela ao balcão;

- O Sr. importa-se de me dizer, o que se passa? Tem algum problema?
- Foda-se, não há merda, de problema nenhum! Eu, é que ganhei os 2
milhões de contos da lotaria, e quero abrir a porra duma conta, na merda deste banco.
Foda-se!

Ah! Percebo perfeitamente... e esta puta, está a complicar as
coisas ao Sr., não é?
Recebida por email.

quinta-feira, março 09, 2006

Diferenças

American said: "We have George Bush, Stevie Wonder, Bob Hope, and Johnny Cash."

Portuguese said: "We have Jose Socrates, no wonder, no hope, and no cash."

via e-mail

quarta-feira, março 08, 2006

Confiança no futuro?



[Diogo Duarte Campos]

Coisas que eu não entendo

Há muitas, mesmo muitas coisas que eu não percebo. Uma deles é esta tendência (obrigatoriedade) para se dizer bem da obra de qualquer pessoa que morra, como se a morte libertasse das imperfeições terrenas, ou como o respeito pelo defunto implicasse um consentimento ou um aligeiramento na avaliação da sua actuação terrena. Exemplo mais perfeito – Cunhal.

Outra coisa que não percebo é a mania de se fazer sempre uma avaliação “globalmente positiva” da actuação daqueles que tiveram muito tempo no poder.

Não percebo, não concordo.

Hoje como ontem continuo achar que o Professor Cavaco Silva não foi um excelente Primeiro Ministro.

Hoje como ontem continuo a achar que um Presidente da República que demite um Governo com fundamento em “vocês sabem no que eu estou a falar”, ao melhor estilo de um ex treinador do grande FCP (obrigado FMS pela dica num post já antigo), não pode ser considerado “globalmente” um bom Presidente da República.

[Diogo Duarte Campos]

Se eu tivesse a Arte e o Engenho do... (II)

...FMS, teria escrito este post!.

Ordem dos Advogados

Suponho que hoje muitos dos Advogados portugueses vivam com a seguinte dúvida: porque raio é que eu não votei no Dr. João Correia ou, dito de outra forma, onde estaria eu com a cabeça quando votei no Dr. Rogério Alves.

Na verdade, entre ser-se um bom comentarista e um bom Bastonário vai uma diferença de todo o tamanho.

terça-feira, março 07, 2006

Desabafo

Há dias em que, sinceramente, não me sinto CDS...

Com posições oportunistas destas, contra tudo o que o Partido sempre defendeu não vamos lá...

Aliás, propunha um exercício aos dirigentes do "meu" partido: sempre que pretendam fundamentar qualquer posição política com uma pretensa violação da Constituição, pensam não duas, mas três vezes.

sábado, março 04, 2006

Impressionado

Acabei de ver os curriculos dos membros do Conselho Económico e Social do CDS/PP.
Fiquei mesmo impressionado; muito mesmo.
Alguma vez teremos um Governo que consiga juntar pessoas desta craveira?

Será agora que, finalmente, um partido político apresentará um novo modelo de sociedade?

Qualidade não falta, fico à espero do mais.

sexta-feira, março 03, 2006

Uma actualidade que assusta!

quinta-feira, março 02, 2006

CM Aveiro

Capacidade de Endividamento Utilizada da CM de Aveiro atinge 117.82% em Janeiro de 2006.